ECA Digital: impactos e oportunidades para empresas de tecnologia
O que é o ECA Digital
O ECA Digital, criado pela Lei nº 15.211/2025, atualiza o Estatuto da Criança e do Adolescente para o mundo online. O objetivo é proteger menores em ambientes digitais, impondo novos deveres a plataformas, desenvolvedores e provedores de tecnologia. Para empresas do setor, isso significa ajustes imediatos em sistemas, políticas e modelos de negócio.
Principais mudanças da lei
A nova legislação determina que produtos e serviços digitais devem nascer com mecanismos de proteção à infância e adolescência. A lógica de “privacy by design” e “protection by default” deixa de ser recomendação e passa a ser obrigação legal. Isso inclui:
- Verificação de idade confiável: não basta a autodeclaração. Menores de 16 anos só poderão ter contas vinculadas a responsáveis legais, exigindo soluções técnicas mais robustas.
- Supervisão parental obrigatória: plataformas devem oferecer ferramentas que permitam aos pais controlar tempo de uso, notificações, comunicações e até localização.
- Remoção de conteúdo nocivo: materiais ligados a exploração, aliciamento ou qualquer conteúdo manifestamente inadequado para menores devem ser removidos de forma ágil, com notificação às autoridades.
- Publicidade e monetização restritas: técnicas de perfilamento, erotização de conteúdo e até loot boxes em jogos voltados a menores ficam sob proibição ou limitação severa.
Fiscalização e sanções
A lei também fortalece o papel da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que passa a atuar como agência reguladora com poder de regulamentar, fiscalizar e aplicar penalidades. As multas podem chegar a R$ 50 milhões por infração ou a percentuais do faturamento do grupo econômico, além de sanções que incluem a suspensão de serviços.
O prazo de adaptação foi encurtado: originalmente previsto para um ano, foi reduzido para apenas seis meses, por força da Medida Provisória nº 1.319/2025. Assim, a expectativa é de que as novas regras passem a valer já em março de 2026.
O que muda para as empresas de tecnologia
Para o setor de tecnologia, o ECA Digital impacta diretamente a operação. Será preciso:
- Revisar a arquitetura de sistemas e adotar mecanismos seguros de verificação de idade;
- Implementar ou aprimorar ferramentas de supervisão parental;
- Reforçar políticas de moderação de conteúdo e atualizar termos de uso e políticas de privacidade;
- Ajustar estratégias de publicidade e monetização para garantir conformidade;
- Preparar equipes de tecnologia, produto e marketing com treinamentos específicos;
- Criar fluxos internos de auditoria e resposta a incidentes, antecipando fiscalizações da ANPD.
Riscos e oportunidades
A não conformidade pode resultar em multas milionárias, suspensão de serviços e forte impacto reputacional. Mas o ECA Digital também abre oportunidades: empresas que se adaptarem rapidamente podem conquistar a confiança de pais, escolas e consumidores, fortalecendo sua imagem institucional. Além disso, há espaço para inovação em produtos que já nascem com foco em segurança digital e transparência.
Conclusão
O ECA Digital representa um divisor de águas. A proteção de crianças e adolescentes deixa de ser um tema periférico e passa a ser parte estratégica para empresas de tecnologia. Quem enxergar esse movimento como oportunidade — e não apenas obrigação legal — terá vantagem competitiva em um mercado cada vez mais exigente em responsabilidade digital.
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