VISUAL LAW E LEGAL DESIGN EM AVISOS DE PRIVACIDADE

15 de setembro de 2022

Temos observado diversos movimentos de empresas e órgãos públicos na adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). As ações, em sua grande maioria, visam atender a Lei e dar visibilidade aos interessados do comprometimento interno com o tema. 

Alguns Tribunais de Justiça, por exemplo, já publicaram termos e provimentos dispondo sobre a forma de tratamento dos dados pessoais, a posição dos agentes de tratamento, encarregado de dados, relatórios e registros de tratamento, bem como o atendimento aos titulares de dados.

O mesmo ocorre no setor privado, o qual tem utilizado de grande criatividade para atrair a atenção de seus usuários na leitura de avisos e políticas de privacidade.

Neste sentido, tem despertado nossa atenção a  utilização das técnicas de Visual Law e Legal Design na edição das publicações, entre elas a própria política de privacidade, termos de uso e demais documentos oficiais. 

Legal Design e Visual Law são temas em ascensão no universo jurídico. Em poucas palavras trata-se da “aplicação de princípios e elementos de design e experiência do usuário na concepção e elaboração de documentos ou produtos jurídicos”.

A Lei Geral de Proteção de Dados não aponta critérios técnicos nem tampouco estabelece metodologias. Trata-se de uma lei geral e principiológica com indicação de regulamentações futuras pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados em diversos pontos.

Nesta toada temos que a Lei, per si, não determina que os agentes de tratamento de dados pessoais utilizem as técnicas de Legal Design em suas políticas e procedimentos. De fato a Lei Geral de Proteção de Dados descreve o princípio da transparência como:

VI – transparência: garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tratamento e os respectivos agentes de tratamento, observados os segredos comercial e industrial;

Isso significa dizer que, se as informações (políticas, avisos, regulamentos internos) forem claros, precisos e acessíveis ao público direcionado, o requisito legal está cumprido. 

E tal disposição se mostra muito razoável e assertiva visto que a identidade visual de cada agente de tratamento deve ser respeitada. Talvez a utilização de Legal Design não faça qualquer sentido em políticas (ou avisos) de privacidade emitidos por um agente de tratamento com publicações formais e altamente conservadoras.

Não queremos dizer com isso que o legal design está proibido! Ao contrário, o Legal Design é sim muito  convergente com a Lei Geral de Proteção de Dados e pode ser utilizado, sem moderação, pelos agentes que se identificam com essa linguagem. Contudo é importante ter em mente que a técnica não pode, jamais, ser imposta e cravada como requisito geral de adequação.

Desta forma, conservadores, futuristas e empresas de diferentes estruturas e portes econômicos encontram espaço na mesma jornada de adequação!

Para saber mais sobre este e outros temas relacionados à privacidade e proteção de dados pessoais, a equipe do Assis e Mendes possui especialistas prontos para atender as necessidades de sua empresa. Entre em contato conosco pelo site www.assisemendes.com.br.

Bianca Pinheiro é head da equipe de Privacidade e Proteção de Dados do Assis e Mendes. Especialista em Governança de Tecnologia da Informação pela Unicamp. Certificações: DPO (Data Protection Officer) – LGPD pela Assespro/RS; PDPE (Privacy and Data Protection Essentials), PDPF (Privacy and Data Protection Foundation) e ISFS (Information Security Foundation) – EXIN.

Compartilhe:

Mais Artigos

Cobrança de tráfego de dados por provedores: o que diz o PL 469/2024 e como isso pode afetar sua empresa

Em maio de 2025, a Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação  realizou uma audiência pública para debater. O debate sobre a cobrança de tráfego de dados por provedores está avançando …

Novo decreto do SAC: o que muda para sua empresa em 2025

Empresas que oferecem atendimento ao consumidor — ou contratam serviços de SAC para lidar com seus clientes — precisam ficar atentas ao novo decreto do SAC, que está reformulando as …

Plano Nacional de Data Centers (Redata): O que muda para empresas que usam ou operam infraestrutura digital no Brasil

O ambiente digital brasileiro está passando por uma fase de transformação com o lançamento do Plano Nacional de Data Centers (Redata)  e a iminente publicação de uma Medida Provisória que …

STF reconhece a inconstitucionalidade parcial do artigo 19 do Marco Civil da Internet

O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade parcial do artigo 19 do Marco Civil da Internet, em julgamento finalizado em 26/06/2029. O julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 1037396 (Tema 987 …

Uso do dados.gov.br por empresas: oportunidades e riscos com a LGPD

O uso de dados.gov.br por empresas é uma tendência que cresce a cada dia. O portal do Governo Federal oferece dados públicos úteis, mas é preciso cuidado ao usá-los — …

Roblox na mira da justiça Americana por rastreamento oculto  de dados de crianças

O universo digital, especialmente o mercado de jogos online, tem enfrentado desafios jurídicos cada vez mais complexos, sobretudo quando envolve a proteção de dados de crianças e adolescentes. Recentemente, uma …

Entre em contato

Nossa equipe de advogados altamente qualificados está pronta para ajudar. Seja para questões de Direito Digital, Empresarial ou Proteção de Dados estamos aqui para orientá-lo e proteger seus direitos. Entre em contato conosco agora mesmo!

Inscreva-se para nossa NewsLetter

Assine nossa Newsletter gratuitamente. Integre nossa lista de e-mails.